Ameaça nuclear: Os riscos que corremos sem acordo EUA-Rússia

Quando, em 1987, os EUA e a Rússia anunciaram a assinatura de um acordo de controle de armas nucleares, o mundo respirou aliviado. A Guerra Fria parecia terminar junto com o permanente temor de um confronto entre as duas potências.

Mas desde sexta-feira (2), com o anúncio de que os norte-americanos abandonaram o tratado, soa um alarme global: o planeta está de novo sob a ameaça nuclear?

“Sim”, diz Cristian Wittmann, professor de Direito Internacional da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e membro da Campanha Internacional pela Abolição de Armas Nucleares (ICAN, sigla em inglês). “A saída dos EUA e a falta de qualquer ação por parte da Rússia para a manutenção do acordo nos levam a crer que haverá uma nova corrida armamentista com foco, principalmente, no arsenal nuclear.”Esta previsão parece ser, inclusive, para o curtíssimo prazo. Logo após anunciar que estava abandonando, unilateralmente, o Tratado sobre Mísseis Nucleares de Média Distância, o Pentágono informou que os EUA iniciarão nas próximas semanas os testes de armamentos desenhados especificamente para desafiar a Rússia

Em outras palavras: mísseis terra-ar de média e longa distância capazes de carregar ogivas nucleares, exatamente o mesmo tipo de equipamento proibido até agora pelo acordo.

Conhecido pela sigla em inglês INF, o tratado previa que nem os norte-americanos, nem os russos poderiam manter na Europa mísseis de lançamento terrestre, com alcance de 500 km a 5.000 km.

Arsenal mundial

Segundo a Ican, hoje nove países são responsáveis por um arsenal de mais de 14 mil ogivas nucleares.

Juntos, EUA e Rússia possuem cerca de 12.700 bombas atômicas. Destas, 1.800 estão sempre em estado de alerta, ou seja, prontas para serem usadas.