Bolsonaro sobre o presidente do PSL: “O cara tá queimado para caramba”

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) pediu a um apoiador para esquecer o PSL e criticou o comandante nacional do partido, deputado Luciano Bivar (PE), que estaria “queimado para caramba”.

“Esquece o PSL, esquece o PSL, tá ok?”, cochichou Bolsonaro no ouvido do apoiador que o esperava nesta terça-feira (8) na porta do Palácio da Alvorada para gravar um vídeo.

Um jovem se aproximou do presidente com um celular para fazer um vídeo e disse: “Eu sou do Recife, pré-candidato do PSL”. Bolsonaro pede então que ele esqueça a legenda, mas o apoiador insiste. “Eu, Bolsonaro e Bivar juntos por um novo Recife, aê!”, grita o jovem, enquanto registra a cena com um celular em posição de selfie.

Ao perceber que foi gravado, o presidente então pede que a imagem não seja divulgada. “Oh cara, não divulga isso não, pô. O cara tá queimado para caramba lá. Vai queimar o meu filme também. Esquece esse cara, esquece o partido”, afirmou.

Em seguida, os apoiadores que cercavam o presidente recomendaram que o vídeo fosse apagado. Poucos segundos depois, o mesmo jovem refez o vídeo, suprimindo nome do presidente do PSL, Luciano Bivar, e do partido. “Viva o Recife, eu e Bolsonaro”, diz.

A fala do presidente na manhã desta terça contrasta com o discurso do governo sobre sua permanência no PSL. O partido enfrenta uma crise desde que foi atingido por suspeitas de candidaturas de laranjas, caso revelado pela Folha de S.Paulo em fevereiro e que já resultou na queda do ex-chefe da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno.

Entre os suspeitos de irregularidades estão Bivar e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. “Não há, da parte do presidente, agora, nenhuma formulação com relação a uma suposta transição do partido”, afirmou o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, na segunda-feira (7).

Em fevereiro a Folha revelou que o hoje ministro do Turismo de Bolsonaro patrocinou em 2018, quando era presidente do PSL-MG e candidato a deputado federal, o desvio de verbas públicas do partido por meio de quatro candidatas laranjas do interior de Minas.

Apesar de figurarem no topo das que nacionalmente mais receberam dinheiro público do PSL, R$ 279 mil, as quatro não apresentaram sinais evidentes de que tenham realizado campanha e, ao final, reuniram, juntas, apenas 2.074 votos.

Parte dos recursos que Álvaro Antônio direcionou a elas, como presidente estadual da sigla, foi parar em empresas ligadas a assessores e ex-assessores de seu gabinete na Câmara.

O ministro foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas nas apurações das candidaturas laranjas do PSL sob a acusação de três crimes.

Além de Minas, a Folha revelou a existência do esquema também em Pernambuco, terra do presidente nacional da legenda de Bolsonaro, o deputado federal Luciano Bivar