Bolsonaro questiona se óleo no Nordeste foi crime para prejudicar leilão da cessão onerosa

O presidente Jair Bolsonaro questionou nesta sexta-feira (18) se o óleo que atingiu praias na região Nordeste foi despejado por uma “ação criminosa para prejudicar” o megaleilão de petróleo da cessão onerosa, previsto para novembro.

Bolsonaro fez a indagação durante transmissão pelas redes sociais, na qual o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e militares da Marinha apresentaram a situação do avanço do óleo sobre as praias nordestinas.

Desde o fim de agosto e início de setembro, diversas manchas de óleo apareceram no litoral. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), há registro de 187 localidades nos nove estados do Nordeste com manchas.

Sem apresentar indícios de que o óleo foi lançado ao mar de forma intencional, Bolsonaro disse ao ministro e aos militares da Marinha que “está no ar” a questão sobre uma eventual ação para afetar o leilão da cessão onerosa.

“Coincidência ou não, nós temos um leilão da cessão onerosa. Eu me pergunto, a gente tem que ter muita responsabilidade no que fala. Poderia, não precisam responder os senhores, não, ser uma ação criminosa para prejudicar esse leilão? É uma pergunta que está no ar”, disse Bolsonaro.

O leilão marcado para 6 de novembro trata do petróleo excedente de uma área de pré-sal da Bacia de Campos, inicialmente explorada pela Petrobras. O governo prevê arrecadar R$ 106,5 bilhões com o volume extra.

O presidente ressaltou que o governo faz sua parte para conter o desastre ambiental e para tentar identificar os responsáveis, e pediu para que as pessoas enviem informações às autoridades.

“Nós somos cientes da nossa responsabilidade. Forçar Armadas e demais órgãos do governo estão fazendo a sua parte. A gente pede aqui: quem tiver alguma informação, que tenha alguma materialidade, entre em contato conosco. Se bem que é difícil, porque parece que o derramamento foi em alto-mar”, afirmou.

Ações do governo contra o desastre

A resposta do governo ao desastre ambiental está sendo coordenada pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA) composto pela Marinha do Brasil, pelo Ibama e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A investigação da origem das manchas de óleo é conduzida pela Marinha, já a criminal é objeto de apuração da Polícia Federal.

O Ibama está responsável pelo balanço de localidades e de animais atingidos pelo óleo e também pelo monitoramento de imagens do oceano. O monitoramento do Ibama, que está sendo atualizado diariamente, analisa imagens de satélites brasileiros e também de equipamentos da Nasa e da Agência Especial Europeia (ESA, na sigla em inglês) feitas desde o dia 1º de agosto. A análise não mostra indícios da substância na superfície marinha.

O Ibama acionou a Petrobras para limpeza das praias. A empresa contratou 1,7 mil agentes ambientais e coletou 200 toneladas de resíduos em cerca de 30 dias. O ministro do Meio Ambiente diz que a contaminação é sem precedente e que atua no monitoramento e nas operações de limpeza.