Decreto sobre armas age na contra-mão do combate à violência, avalia secretário de Segurança da PB

O secretário de Estado da Segurança Pública, Jean Francico Bezerra Nunes, discordou da atitude adotada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), que assinou esta semana o decreto que flexibiliza a posse de armas no país. De acordo com o texto, será possível possuir até quatro armas dentro de uma residência. Em conversa com o PB Agora, o secretário acredita que o decreto age na contramão do combate à violência.

O delegado Jean Francisco, que assumiu a Secretaria de Segurança na vaga deixada pelo ex-secretário Cláudio Lima não acredita, numa possível redução da violência no país disponibilizando mais armas para a população. Jean fez críticas à matéria e destacou que outras atitudes poderiam ter sido adotadas para reduzir o número de mortes violentas.

Para o secretário, a forma proposta pela Presidência da República não foi a ideal para se obter melhorias na área da segurança pública. Segundo ele, a redução da violência vem através de políticas públicas. “Da forma proposta, armando o cidadão, garantindo que ele faça a própria defesa, nos moldes como foi colocado, não entendemos que haverá melhoria, pelo contrário, a gente acredita que possa piorar a situação”, declarou o secretário.

Jean Francisco acredita que o aumento do número de armas nas mãos do cidadão, mesmo em se tratando apenas da posse, ou seja, o direito de manter a sua arma em casa ou no ambiente de trabalho, trará, possivelmente, o aumento do número de mortes por armas de fogo, além de representar um risco para quem a possui, assim como, para a sua família. “Essas armas, de fato, permanecerão na posse ou serão, em determinado momento, utilizadas para andar com elas, começar a portar, levar no carro, transportar?”, questionou o delegado.

O secretário ressalta que outras medidas poderiam ter sido adotadas antes da assinatura de um decreto dessa importância. Na opinião dele, o tema sequer foi debatido de forma ampla. “Faltou mais discussão sobre o tema, mais debate, porque a gente vive um período em que está se buscando diminuir a quantidade de armas em circulação no país”, observou.

Jean Francisco Bezerra Nunes sugeriu que outras atitudes poderiam ter sido adotadas antes de flexibilizar o acesso às armas para a população. Leis mais rígidas e uma melhor fiscalização das fronteiras poderiam trazer melhores resultados no enfrentamento à violência. “Uma discussão que seria bem-vinda seria o endurecimento da pena para quem tiver portando arma de fogo. Outro tema também que tem relevância e a gente deveria ter levantado é impedir que as armas entrem no país de forma clandestina e ilegal e que circulem livremente”, afirmou o secretário.

O secretário declarou ainda que o decreto age na contramão do trabalho desenvolvido nos últimos anos pela Paraíba, que tem procurado estabelecer uma política de desarmamento de maneira geral. Para ele, “a população precisa ter um aparato de segurança que possa fazer a sua segurança de uma maneira geral”. “A discussão foi muito rasa. Procurou-se a solução mais fácil, que foi armar o cidadão, mas que por outro lado, eu acho que vai ser a mais gravosa”, concluiu. 

PB Agora