Jovens que sobreviveram a incêndio no Flamengo podem ter carreira afetada por gases tóxicos

Médico-legista consultado por VEJA afirmou que atletas que sobreviveram ao incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo correm o risco de ter suas carreiras prejudicadas. Isto, por conta de eventuais danos causados pela aspiração de monóxido de carbono (CO), substância capaz de gerar danos permanentes no sistema respiratório.

Disse também que a inalação da fumaça deve ter sido a causa das dez mortes, já que o gás impede a chegada de oxigênio ao cérebro. O CO tem também efeito embriagante, o que dificulta a reação de quem o aspira, principalmente de quem estiver dormindo.Leia Também:   Rombo nas contas públicas passa dos R$108 bilhões em 2018
Sobre eventuais sequelas, o legista, que trabalha no Instituto Médico-Legal do Rio, lembrou de casos de sobreviventes do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), ocorrido em 2013. Devido a queimaduras nas vias áreas, muitas das vítimas – quase todas jovens – ainda têm que se submeter a fisioterapia respiratória.  Alguns recebem benefício da Previdência Social já que ainda não recuperaram a capacidade de exercer atividades profissionais.

Segundo o médico, a fumaça aspirada em incêndios tem, no sistema respiratório, efeito semelhante ao causado pelo cigarro – é como se o sobrevivente tivesse fumado ao longo de quinze anos. A cicatrização das feridas causadas pela fumaça pode gerar endurecimento pulmonar.Leia Também:   BATALHA PELA VIDA: Medalhista olímpico revela cirurgia para tratar câncer

A eventual inexistência de sangramento nas lesões provocadas pelo fogo indicaria que a inalação de fumaça é que causou as mortes – os exames ainda estão sendo feitos no IML. A aspiração de CO é capaz de matar em até três minutos.