Em 14 estados, aposentados recebem mais do que servidores da ativa

Estudo realizado pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) conclui que em 14 estados brasileiros os aposentados recebem mais do que a média dos salários dos servidores da ativa. Em quatro, há mais aposentados do que servidores trabalhando.

Para o presidente da entidade, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, os resultados reforçam a necessidade de aprovação da reforma da Previdência em discussão no Congresso, cujos efeitos também se estendem aos estados. “Isso reforça a urgência, o drama que o Brasil passa”, diz ele.

O estudo foi feito com base em dados da Secretaria de Previdência relativos a 2017, quando o déficit previdenciário dos estados somou R$ 77,8 bilhões, segundo a Firjan. Apenas quatro estados -Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins- não enfrentam dificuldades para pagar aposentadorias.

São os estados mais novos do país e, por isso, ainda não têm um número grande de aposentados, diz o presidente da Firjan. Em Roraima, por exemplo, são apenas quatro aposentados para cada 100 servidores. No Tocantins, 35.

No outro extremo, o Rio Grande do Sul tem 163 aposentados para cada 100 servidores. Minas Gerais têm 129, o Rio, 114 e Santa Catarina, 106. No Espírito Santo e em Goiás, o número de aposentados e servidores da ativa é praticamente o mesmo.

Em outros oito, já são mais de 80 aposentados para cada 100 servidores. “Isso mostra a mudança na estrutura etária brasileira, caminhando para que a maioria dos estados tenham mais inativos do que ativos”, diz o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart.

Na média, segundo o estudo, as previdências estaduais pagam aposentadorias de R$ 4.800 por mês, quase o dobro do rendimento médio do brasileiro, que fica em R$ 2.500 por mês. Em 14 estados, o valor recebido pelos aposentados é maior do que a média dos servidores.

Entre eles, três já têm mais aposentados do que servidores ativos: Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A maior disparidade, porém, é verificada no Amapá, onde a aposentadoria média e de R$ 7,5 mil e o salário médio dos servidores, de R$ 4,6 mil.

Para a Firjan, a diferença de rendimentos amplia a necessidade de ampliar a contribuição dos aposentados – a reforma do governo Bolsonaro prevê alíquota mínima de 14%. “Caso contrário, isso vai ser financiado com aumento da carga tributária”, defende Gouveia Vieira.

O estudo calcula ainda o quanto custa o déficit por habitantes nos estados. No Rio Grande do Sul, por exemplo, são R$ 1.038. No Distrito Federal, que tem a maior aposentadoria média do país (R$ 8,8 mil), são R$ 887.