Procurado pela polícia, construtor de prédios ilegais em Muzema pode ter fugido para a divisa entre a PB e PE

A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro está à procura de José Bezerra de Lira, conhecido na comunidade da Muzema como Zé do Rolo, de 42 anos. Ele é apontado por investigadores como o responsável pela construção dos dois prédios da comunidade que desabaram na última sexta-feira (12), provocando a morte de pelo menos 20 pessoas. Agentes de outros estados brasileiros foram alertados sobre as buscas. De acordo com informações publicadas pelo Jornal O Globo, existe a suspeita de que Zé do Rolo tenha fugido para a divisa entre a Paraíba e Pernambuco, onde nasceu e ainda teria parentes.

Zé do Rolo, de acordo com a investigação, contratou pessoal e comprou material para erguer os edifícios irregulares, e vinha lucrando com a venda dos apartamentos. Segundo moradores da Muzema, o Condomínio Figueiras do Itanhangá, onde ficavam os prédios, era uma espécie de “empreendimento fechado” dentro da comunidade, já que teria um esquema de administração independente do restante da favela, controlada por uma milícia, que usa da exploração imobiliária irregular como um dos seus principais negócios.

Os prédios que caíram, como muitos outros na região, foram erguidos e comercializados irregularmente. Além de Zé do Rolo, dois corretores de imóveis são procurados pela polícia. Identificados nos anúncios de venda dos apartamentos, eles não foram encontrados, na quarta-feira, em seus endereços comerciais e residenciais, em Jacarepaguá.

Sobe para 20 o número de mortos na comunidade da Muzema no Rio

Mais dois corpos foram resgatados pelos bombeiros nos escombros dos dois prédios que desabaram na comunidade da Muzema, na zona oeste, na tarde desta quarta-feira (17), e outro dois foram localizados. Ainda não há identificação oficial das vítimas, que foram levadas para o Instituto Médico Legal, mas seriam de um homem e uma mulher. Com isso, sobe para 20 o número de mortos na tragédia, ocorrida na manhã da última sexta-feira, 12.

Quatro pessoas seguem desaparecidas. O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Roberto Robadey, já havia informado na terça-feira que havia uma grande possibilidade de o trabalho nos escombros ser encerrado hoje, sexto dia das buscas. Os bombeiros já conseguiram chegar aos andares mais baixos dos prédios.

No entanto, a tarefa segue com lentidão porque é feita manualmente, sem uso de britadeiras e máquinas pesadas pois ainda há esperança de achar sobreviventes. Cães farejadores que estiveram no resgate das vítimas do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG) estão ajudando no trabalho.

Pelo menos dez pessoas ficaram feridas no desabamento dos prédios, que ocorreu três dias depois de a região da zona oeste ter sido duramente castigada por uma tempestade. Três pessoas seguem internadas, duas mulheres em CTI, em estado grave, e uma criança em estado “estável, porém delicado”.

IMPLOSÃO

Com o encerramento do trabalho dos bombeiros, haverá a implosão de pelo menos 16 prédios do Condomínio Figueiras do Itanhangá. Três deles ficam próximos aos prédios que desabaram e teriam já sua estrutura afetada. Os demais também foram construídos irregularmente. A prefeitura ofereceu cadastro no programa Minha Casa Minha Vida às famílias desabrigadas.

Policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) e da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) querem responsabilizar criminalmente os responsáveis pela tragédia. Uma das empresas intimadas a depor seria a Gaúcha New Construtora Consultoria Planejamento e Projetos LTDA, citada em uma ação civil pública, conforme reportagem do jornal O Globo.

WSCOM