Guedes defende juros menores para empréstimo imobiliário

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta sexta (17) a redução dos juros de financiamentos imobiliários com recursos geridos por bancos estatais para estimular o mercado de construção civil no país.

Em discurso para executivos do setor no Rio, Guedes criticou a concentração de recursos do fundo FGTS, por exemplo, para grandes programas de habitação, como o Minha Casa Minha Vida, ou para investimentos em grandes empresas.

Na sua opinião, o ideal seria descentralizar os recursos, emprestando diretamente aos compradores de imóveis -o que chamou de “capitalismo popular”. “Prefiro ter milhões de tomadores de empréstimos”, afirmou.

Em seu discurso, o ministro citou como argumento os altos lucros da Caixa Econômica Federal, que é gestora do FGTS e fechou 2018 com ganhos de R$ 15 bilhões.

“Qual a função de um banco público? É ter um lucro máximo ou passar esse excesso de receita para a sociedade?”, questionou. “Pra mim se banco tem que dar lucro, privatiza. Melhor juntar com o Banco do Brasil e fazer um banco gigante”.

“Devia transferir isso para o financiamento de casa própria, derrubando as taxas”, disse. “O que aconteceria com essa indústria que gera milhões de empregos se fosse IPCA mais 2%?” propôs, dizendo defender o “capitalismo popular”.

O governo já anunciou que vem estudando mudanças nas regras do FGTS, que funciona como um a espécie de poupança compulsória dos trabalhadores com carteira assinada e cujos recursos são usados em programas de investimento.

“Tem gente dizendo que a gente tem que subir a taxa de aplicação para dar um lucro mais digno para os poupadores, tem gente achando que tem que dar um lucro máximo e tem gente achando que tem que baixar a taxa de aplicação para estimular a economia”, comentou.

Ele defendeu a última mas disse que o ideal seria “fazer um pouco dos três”.

EXPECTATIVA
Guedes disse que não se preocupa com as revisões negativas da estimativa de crescimento da economia em 2019, já que acredita no alinhamento entre os Poderes para aprovar as reformas propostas pelo governo.

“Tenho certeza de que daqui a dois meses, quatro meses, vamos ter um desfecho muito bom com a reforma da Previdência e as expectativas serão bastante favoráveis”, disse ele, que classificou os ruídos atuais no governo como “barulho” e “tiro na bunda”.

“É muito barulho, tambor, tiro na bunda. Ninguém precisa ficar preocupado com isso”, afirmou. Para o ministro, as estimativas iniciais para o PIB continham um grau de otimismo em relação à velocidade de aprovação da reforma, mas que espera que o texto passe no início do segundo semestre.

“É a primeira vez que eu vejo a Câmara dos Deputados, o Congresso, o Executivo falando a mesma língua do ponto de vista econômico”, disse o ministro.