O Santos mais uma vez foi ao mercado da bola por um nome diferente no comando técnico. Depois do sucesso do argentino Jorge Sampaoli, o clube buscou o português Jesualdo Ferreira, multicampeão na carreira. O trabalho do treinador de 73 anos tem semelhanças, mas também diferenças importantes em relação às ideias do argentino.
Os dois prezam por um futebol ofensivo, com a posse da bola, com protagonismo e proposição de jogo. Sampaoli quase nunca abria mão de jogar com a maior posse de bola, mas Jesualdo já admite que pode optar por um jogo mais vertical, de chegada rápida ao ataque, caso não encontre as características que precisa para formar o seu esquema base: o 4-3-3.
O desenho tático, aliás, é outra diferença importante. O argentino não tinha um desenho mais fixo e muitas vezes colocava jogadores para atuar em posições “alternativas” para que servissem a um desenho diferente baseado no adversário. Foi assim com Veríssimo, Luan Peres, Jorge, Felipe Jonatan, Pituca, Sánchez, entre outros durante a temporada.
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Já Jesualdo parte de um esquema bem definido para só depois mudar a forma de jogo. Em entrevista ao Canal 11, de Portugal, onde era comentarista, ele afirmou que seu desenho tático precisa de algumas peças importantes para funcionar.
“Sem dois laterais fortes ofensivamente, o 4-3-3 é menos forte. Sem dois médios que não sejam capazes de serem verticais e ao mesmo tempo se envolver, terá menos opções. Sem um seis [volante] de qualidade é difícil também. Se efetivamente os três da frente forem dois extremos [pontas] puros e um atacante, não é o ideal. Por que não é o ideal? Para mim, os três da frente precisam ser atacantes, que saibam jogar fora e também dentro da área”, disse o português.
Pelas palavras de Jesualdo é possível entender a importância de laterais que apoiem, ao contrário de Sampaoli que gostava de utilizar atletas com alto poder de marcação, chegando até a escalar zagueiros no setor, como falsos laterais. Outro indício é o de liberdade de movimentação para o trio de ataque, que com Sampaoli tinha dois extremos colados na linha lateral.
Outro fator que Jesualdo deixou claro durante a entrevista é que irá priorizar a parte tática ao invés da forma física. Ele quer desde o começo potencializar aquilo que o Santos de Sampaoli já sabia fazer, introduzindo também suas ideias.
Assim, o português deve manter a espinha dorsal do time do argentino e grande parte das características de jogo, podendo alternar entre mais posse de bola ou chegada mais rápida ao ataque, mas sempre propondo o jogo.
Folha Press