MPT processa dono da Havan por “coagir” funcionários a votar em Bolsonaro

O Ministério Público do Trabalho de Blumenau processou o dono das lojas Havan no Brasil, Luciano Hang, e pediu multa de R$ 1 milhão caso ele volte a “coagir” seus funcionários a votarem em Jair Bolsonaro (PSL) no próximo domingo, 7. O órgão diz ter recebido 20 denúncias nos dias 1º e 2 de outubro relatando que Hang estaria induzindo trabalhadores a votarem como ele, sob pena de serem demitidos.

A prática do empresário, segundo ressalta o MPT, constrange os trabalhadores e “descumpre a finalidade social do emprego, que não deveria refletir em ferramenta eleitoral ou coação financeira, mas sim em meio de subsistência das famílias brasileiras e instrumento essencial para a circulação de mercadorias e capital na nossa sociedade”.

Em vídeo que circulou pelo canal interno da companhia, Hang diz que se algum candidato “de esquerda” vencer a eleição, ele vai repensar o plano de crescimento da empresa e talvez tenha que fechar algumas lojas. “Você está preparado para sair da Havan?”, questiona.

Hang afirma ainda que pesquisas internas apontam um percentual de 30% de funcionários votando branco ou nulo. Pesquisas internas podem muito bem se encaixar nos pontos de atenção levantados pelo Ministério Público, mas o empresário afirmou ao site Info Money que o vídeo “se trata apenas de transparência com meus colaboradores”.

Abuso de poder econômico

A Coligação “O Povo Feliz de Novo” (PT/PC do B/PROS) acionou nesta terça-feira, 2, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que seja aberta uma investigação por abuso de poder econômico contra a campanha do candidato do PSL à Presidência da República. O caso gira em torno da empresa de ar condicionado Komeco, localizada na cidade de Palhoça, na região da Grande Florianópolis (SC).

A coligação de Fernando Haddad (PT) pretende que, ao final da apuração, a Corte Eleitoral declare Bolsonaro inelegível por oito anos, ao acusar o presidente da Komeco, Denisson Moura de Freitas, de ter gravado um áudio direcionado a funcionários solicitando que os empregados usem adesivos e camisetas de apoio a Bolsonaro.

A acusação da coligação de Haddad é a de que a campanha de Bolsonaro está ganhando reforço financeiro “que não está compatibilizado nos gastos” oficiais divulgados ao TSE, mas cujos resultados serão usufruídos pelo candidato do PSL.

Supermercado coage funcionários

A Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná instaurou, também nessa terça-feira, um “procedimento preparatório eleitoral” contra a rede de supermercados Condor, uma das maiores do país, e contra seu presidente, Pedro Joanir Zonta. O motivo é uma carta divulgada pelo empresário em que declara apoio a Jair Bolsonarocomo candidato à presidência da República e pede que seus funcionários “confiem em mim e nele para colocar o Brasil no rumo certo”.

Para a procuradora regional eleitoral, Eloisa Helena Machado, há uma “clara ofensiva ao direito de escolha desses empregados”. Segundo ela, o funcionário pode ficar com medo de perder o emprego ou sofrer retaliações caso não siga a orientação do empregador.

Segundo o Ministério Público Eleitoral, a intenção é aferir se as declarações na carta podem constranger os funcionários do grupo. A procuradoria afirmou ainda que o voto universal e secreto é um dos pilares da democracia. O Ministério Público do Trabalho convocará Zonta para prestar declarações – um dos objetivos também é checar se a Condor de alguma forma financiou a campanha do capitão reformado, o que é proibido pela nova lei eleitoral.

A carta conta de 11 pontos que justificam o apoio. O mais polêmico deles, para os procuradores, é o que joga luz sobre uma das polêmicas da própria campanha de Bolsonaro. “Nesta carta, fica o meu compromisso, com você meu colaborador hoje, de que não haverá de forma alguma, corte no 13º (décimo terceiro) e nas férias dos colaboradores do grupo Condor”, diz. Nesta terça-feira o vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, voltou a criticar o décimo terceiro.

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