Cuba deixa Mais Médicos, e Bolsonaro diz que país “não aceitou” condições

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), respondeu pelo Twitter sobre decisão de Cuba de abandonar o programa Mais Médicos. Bolsonaro afirmou que Havana deixou o programa porque “não aceitou” as novas condições, como a permissão para que os profissionais trouxessem seus familiares para morar no Brasil.

“Diante dessa realidade lamentável, o Ministério da Saúde Pública de Cuba tomou a decisão de não continuar participando do programa ‘Mais Médicos'”, anunciou o ministério cubano, que comunicou ter informado o governo brasileiro. A decisão significa que os milhares de médicos cubanos que trabalham no Brasil dentro do programa deverão retornar à ilha.

Em resposta, o capitão reformado escreveu no Twitter que condicionou “à continuidade do programa Mais Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou.”

Bolsonaro já havia questionado a formação dos especialistas cubanos e impôs como único caminho a contratação individual, argumentou o governo cubano.

“O povo brasileiro, que fez do Programa Mais Médicos uma conquista social, que confiou desde o primeiro momento nos médicos cubanos, aprecia suas virtudes e agradece o respeito, sensibilidade e profissionalismo com que foi atendido, vai compreender sobre quem cai a responsabilidade de que nossos médicos não podem continuar prestando seu apoio solidário no país”, afirmou o Ministério da Saúde Pública de Cuba.

O Programa

O programa Mais Médicos tem 18.240 vagas em 4.058 municípios, cobrindo 73% das cidades brasileiras. Quando são abertos chamamentos de médicos para o programa, a seleção segue uma ordem de preferência: médicos com registro no Brasil (formados em território nacional ou no exterior, com revalidação do diploma no País); médicos brasileiros formados no exterior; e médicos estrangeiros formados fora do Brasil. Após as primeiras chamadas, caso sobrem vagas, os médicos cubanos são convocados. Hoje, 11 mil cubanos trabalham no Brasil.

De acordo com o governo cubano, em cinco anos de trabalho no programa brasileiro, cerca de 20 mil médicos atenderam a milhões de pacientes em mais de 3,6 mil municípios, e chegaram a compor 80% do contingente do Mais Médicos, criado no governo Dilma Rousseff. “Mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez na história”, diz o governo de Cuba. “Não é aceitável que se questione a dignidade, o profissionalismo e o altruísmo dos colaboradores cubanos que, com o apoio de suas famílias, presta serviços atualmente em 67 países”, declarou o governo.

Em 2017, já no governo Michel Temer, Cuba suspendeu o envio de um grupo de médicos em razão do alto número de ações de médicos buscando a permanência no Brasil para além dos três anos previstos em contrato.

Outros processos de cubanos também questionaram a forma de remuneração. Eles querem receber o valor integral pago pelo governo brasileiro, uma vez que eles recebem o equivalente a 26% do total. O Ministério da Saúde transfere à Opas (Organização Panamericana de Saúde) o valor de de R$ 11.520, que repassa aos profissionais cubanos cerca de R$ 3 mil. A diferença fica com o governo de Cuba.

Com Agências/ Internet