Lula diz em carta ao PT que partido precisa se ‘reconectar com as bases’

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em uma carta dirigida aos integrantes do PT que o partido precisa se “reconectar com as bases”.

O documento foi lido nesta sexta-feira (30) durante reunião do Diretório Nacional da legenda, em Brasília. A leitura coube a Luiz Dulci, ex-ministro da Secretaria-Geral e um dos fundadores do PT.

“Temos de voltar às ruas, às fábricas, aos bairros e favelas, falar a linguagem do povo, nos reconectar com as bases, como disse o Mano Brown. Não podemos ter medo do futuro porque aprendemos que o impossível não existe”, afirma Lula.

Ao participar de um evento do PT no Rio de Janeiro, o artista afirmou: “Se nós somos o Partido dos Trabalhadores, o partido do povo tem que entender o que o povo quer. Se não sabe, volta para a base e vai procurar saber”.

Carta de Lula

Esta foi a primeira manifestação pública de Lula após as eleições de outubro. O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, perdeu no segundo turno para Jair Bolsonaro (PSL).

Inicialmente, Lula havia sido registrado como candidato do PT, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a candidatura dele, e o partido anunciou Haddad como candidato.

Na carta, Lula afirma que o PT foi alvo de “perseguição” e “tramoias”. Mas, mesmo assim, “continua sendo o maior e mais importante partido popular deste país”.

Na última eleição, o PT elegeu quatro governadores, 56 deputados federais – a maior bancada na Câmara – e seis senadores.

Eleição presidencial

Lula liderava as pesquisas de intenção de votos até ser substituído por Haddad. Na carta lida nesta sexta-feira, ele afirma que esta não foi uma “eleição normal” porque o “povo brasileiro foi proibido de votar em quem desejava”.

“Fui condenado e preso, numa farsa judicial que escandalizou juristas do mundo inteiro, para me afastar do processo eleitoral”, escreveu.

Na carta, Lula faz ataques a Bolsonaro, dizendo que, durante a campanha, o capitão da reserva “criou uma indústria de mentiras no submundo da internet”.

Segundo o petista, a estratégia foi “orientada por agentes dos Estados Unidos e financiada por um caixa dois de dimensões desconhecidas, mas certamente gigantescas”.

Lula também criticou o ex-juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condenação do ex-presidente e que assumirá o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro.

“Moro não se transformou no político que dizia não ser. Simplesmente saiu do armário em que escondia sua verdadeira natureza”, escreveu Lula.

Encontro do PT

A cúpula do partido se reuniu nesta sexta-feira para discutir e aprovar uma resolução sobre os rumos do partido. O documento deverá ser divulgado no sábado (1º) após os últimos debates.

Do encontro, participaram a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a ex-presidente Dilma Rousseff, o senador eleito pela Bahia, Jaques Wagner, e o governador do Piauí, Wellington Dias, reeleito para o cargo.

A reunião do Diretório Nacional aconteceu sem a presença de Fernando Haddad, que está em viagem aos Estados Unidos a convite do senador norte-americano Bernie Sanders, do partido Democratas, oposição ao presidente Donald Trump.

G1