Lula deixa cemitério em SP após participar de velório do neto

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou o velório do neto em São Bernardo do Campo por volta das 13h deste sábado (2), após quase duas horas no local. Ele parte até o aeroporto de Congonhas e será levado de volta para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre pena por condenações de corrupção na Lava Jato

Sob escolta armada, Lula chegou ao cemitério Jardim da Colina aos gritos de “Lula livre” e “Lula guerreiro do povo brasileiro”. Ele acenou para os simpatizantes, que se aglomeravam no entorno, contidos por grades. Os apoiadores rezaram um Pai-Nosso em seguida.

Arthur Araújo Lula da Silva, 7, morreu em decorrência de meningite meningocócica na sexta (1).

Familiares e amigos se despediram do menino num caixão branco aberto. À frente, foram colocados brinquedos, bola de futebol e um par de chuteiras. A sala estava repleta de coroas de flores, enviadas por políticos, membros da família, sindicatos e também pelo ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.

Apenas família e poucos políticos tiveram acesso a Lula dentro do crematório. Segundo relatos de pessoas que estiveram ali, o ex-presidente chorou compulsivamente ao entrar. Ele cumprimentou Dilma, Gleisi, Fernando Haddad e outros.

O petista pôde circular pela sala onde está o caixão do neto e pela sala adjacente. A Polícia Federal proibiu o registro de imagens, vídeos e áudios, inclusive pela equipe de comunicação do PT.

Arthur visitou o avô por duas vezes na sede da PF, no ano passado. Era filho de Marlene Araújo Lula da Silva e Sandro Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente e de Marisa. ​

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, esteve no velório na noite de sexta. Na manhã de sábado, também estavam presentes os petistas Emídio de Souza, Aloizio Mercadante, Gilberto Carvalho, Benedita da Silva, José Genoíno, Alexandre Padilha, Clara Ant e Elenora Menicucci, os deputados Carlos Zarattini (PT-SP) e Ivan Valente (PSOL-SP), além do vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) e do líder do PSOL Guilherme Boulos.

Lula recebeu autorização da Justiça Federal do Paraná para acompanhar o velório e cerimônia de cremação. A Lei de Execução Penal prevê a permissão de saída de presos para velórios e enterros de familiares, incluindo descendentes.

A saída do ex-presidente ocorreu sob forte esquema de segurança e uma logística com avião e helicóptero para transportá-lo. Ele deixou a carceragem da PF em um helicóptero às 7h. De lá seguiu para o aeroporto do Bacacheri, onde trocou de aeronave rumo ao aeroporto de Congonhas, na capital paulista.

Lula voou para São Paulo em avião do Governo do Paraná, cedido a pedido da Polícia Federal pelo governador Ratinho Júnior (PSD). De Congonhas, Lula seguiu de helicóptero para as proximidades do cemitério. O restante do trajeto foi feito de carro.

Mais de dez viaturas da Polícia Militar aguardaram a chegada de Lula no cemitério. Os policiais armados ficaram responsáveis pela segurança do lado de fora da sala do velório, enquanto a segurança de Lula ficou a cargo da PF.

Sindicalistas e apoiadores também tiveram a entrada autorizada, e a aglomeração no local cresceu ao longo da manhã. Simpatizantes e políticos, porém, tiveram que deixar o local onde estava o caixão de Arthur por uma determinação da PF de que somente familiares estivessem presentes.

Seguranças do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC montaram uma estrutura de grades para controlar a entrada.

A presença de mais de uma centena de pessoas no local, porém, foi discreta em relação a mobilizações anteriores —a pedido de aliados do próprio petista, que se comprometeu a manter detalhes de seu roteiro sob sigilo.

Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, informou aos policiais que a militância não foi convocada, e que o velório seria reservado a familiares e amigos. Líderes petistas demonstraram incômodo com a quantidade de policiais.