IDEOLOGIA DE GÊNERO: “Tema precisa ser desmistificado nas escolas”, diz Manuela Aguiar (UFCG)

Os assuntos que mais se ressaltam atualmente entre pais, alunos e escolas, relacionados ao movimento de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBTQI+) serão debatidos numa semana, na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). A partir desta segunda-feira (18) até a sexta-feira (22), no auditório do Centro de Humanidades, palestras e oficinas orientarão os participantes sobre os novos conceitos e como respeitá-los.

Segundo a professora Manuela Aguiar, mestre e doutoranda em literatura e Interculturalidade (PPGLI/UEPB), ministrará o minicurso “Ideologia de gênero nas escolas”. Ela falou em entrevista à rádio Panorâmica FM, neste sábado (16), que o tema ganhou esse espaço devido à necessidade de se falar sobre essas questões, para mostrar o sofrimento, o engajamento e resultados da luta contra o preconceito.

“A começar pela sigla que o movimento usa, que foi criada a partir de 2008, a representatividade dos diversos tipos de pessoas deve ser levado em consideração em toda e qualquer instituição de ensino. Ao longo dessa semana, além dessas mesas e mini-cursos pela manhã, para juntar teoria e prática, debateremos sobre a falada ‘Ideologia de gênero na escola’, um tema que precisa ser desmistificado”, contou.

A professora lembrou que a homofobia, que significa aversão ou repulsa à homossexualidade, chegando a crimes, muitas vezes hediondos, inicia com a tortura da pessoa na própria família. “Como são pessoas silenciadas e excluídas na história da humanidade, como é unanime, elas continuam sendo menosprezadas. Tem que se pensar em inseri-los, mostrá-los e debater sobre tudo isso”, acrescentou.

O preconceito começa dentro de casa, mas não há uma receita pronta para combatê-lo, de acordo com Manuela. “Isso passa a ser um processo. Os que rejeitam, os meninos e meninas sofrem muito com isso, com depressão, com ansiedade. Nunca vi tanto aluno tomando tanto remédio. Então, a universidade quer lançar mais essa parceria. Então professores, alunos devem falar sobre gênero, sobre sexualidade. É muito lento o processo, mas preciso”, disse.

Manuela lembrou que uma das questões que passam em sala de aula é como se lida com o diferente. “É um personagem muito difícil de trabalhar, fazer uma inclusão. Porque eles já chegam nos ambientes com medo. Mas, mesmo assim, eles tem se empoderado, estão com energia para dizer que podem participar de uma semana dessa. Eles se integram para dizer que podem fazer diálogos também”, explicou.

Professora Mauela – Imagem: divulgação

Literatura – O evento ainda falará sobre a literatura que vem sendo criada nesta área. Em Campina Grande, por exemplo, o escritor
Carlos Eduardo Albuquerque Fernandes já lançou um livro, “O desejo homofóbico no conto brasileiro no século XX”. Para Manuela, a literatura tem colaborado com uma parcela muito importante, quando revela esse tipo de estudo do Carlos Eduardo.

“Por isso que a gestão da escola, com professores abertos ao diálogo, é um planejamento. Pedagogos mostram os tipos de vídeos que os alunos podem assistir numa escola. Como falam de sexualidade com o seu celular, eles têm acesso mais rápido aos sites, porque estão no período de descoberta sexual. Como a escola está agindo em relação a isso? A literatura incrementa esse tipo de conversa”, concluiu.