O que eu faço? A vida adulta é logo ali!

Sonhos, incertezas, medos, ansiedades e muita curiosidade do que está por vir. Esses são alguns dos sentimentos que experimentam os adolescentes quando chegam ao Ensino Médio. Afinal, essa é uma época em que vão passar por exames seriados, prestar concursos e vestibulares, além de seguir rumo à formação de uma carreira que, em muitos casos, é para eles uma grande incógnita. Os especialistas em educação e em carreira profissional alertam que esses jovens precisam de muita atenção dos pais, mas principalmente das escolas em que estudam. Afinal, estão em um momento de grande tensão, pois as decisões que devem tomar a cada instante trarão consequências para o resto de suas vidas. 
Um bom exemplo é o jovem de 17 anos, João Mário Gonzales, que está na segunda série do Ensino Médio. Por um lado, ele se sente cada dia mais confiante com os exames que já fez e que ainda virão pela frente, como PAS, Enem e Vestibular, mas por outro, a expectativa de sair da escola em tão pouco tempo lhe “dá um pouco de medo por não saber o que fazer com toda essa liberdade”, confessa. Já sua colega da primeira série do Ensino Médio, Kira Popov Souza, 14 anos, afirma estar igualmente ansiosa com as inúmeras responsabilidades e expectativas ao seu redor, além do receio de falhar no meio do caminho. Quando pensa no futuro cogita estudar Medicina Veterinária, “mas também já pensei em Matemática, Ciências Biológicas, Psicologia e Direito. Na verdade, eu estou bem perdida”, confessa.

A adolescente de 17 anos, Bruna Luana Ribeiro, sabe que sairá muito em breve do colégio e carrega dentro de si um sentimento de dever cumprido. Apesar de pensar que está bem preparada para os desafios futuros, ainda tem algumas dúvidas: “Imagina eu fazer de tudo para ser médica, depois chegar lá e perceber que foi um tempo perdido, ou então gostar da profissão, mas não conseguir emprego?”. O mesmo tipo de questionamento que incomoda o seu amigo de turma, Mateus Machado de 16 anos. O garoto diz estar completamente exausto pela quantidade de estudos, mas principalmente pelo objetivo elevado que estabeleceu, “que é passar para Medicina na Universidade de São Paulo (USP), mas tenho medo de não conseguir realizar o meu desejo”.
De acordo com o diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Plataforma de Educação, Ademar Celedônio, essa fase pela qual a maioria dos jovens passa é um dos momentos mais difíceis da vida, pois eles precisam escolher entre seus sonhos, uma carreira economicamente viável e ainda tentar achar no meio disso tudo o caminho para a felicidade. Afinal, grande parte dos estudantes tem sonhos, mas “um sonho que não traz o mínimo de sustentabilidade no futuro pode virar uma grande frustração”, afirma o especialista.
Pensando em facilitar esse momento de transição para a vida adulta em que sonho e realidade estão em confronto constante, várias escolas já entenderam que oferecer ensino de excelência, estrutura física de primeira qualidade e corpo docente em constante formação deve fazer parte do menu básico de qualquer instituição. Agora elas precisam usar da criatividade para deixar o conteúdo curricular em sintonia com as necessidades do mundo real para o qual os estudantes estão se preparando. 

É exatamente isso que indica a psicóloga do trabalho e professora da Universidade de Brasília, Ione Vasques de Menezes, que, com vários anos na orientação de profissões, afirma que a aprovação em todos esses exames não deveria ser a questão mais importante na vida dos jovens. Uma vez que, “o que importa não é passar ou não passar, mas a satisfação que eles precisam ter ao fazer um curso que irá formá-los para uma profissão em que sintam prazer de trabalhar”, argumenta. “Além de desmistificar os exames, as escolas deveriam se preocupar também com o conceito do trabalho e deixar claro aquilo que cada profissão faz verdadeiramente no seu dia a dia”, conclui.
Muito mais que uma escolaFrente aos inúmeros desafios em oferecer uma educação efetiva que transforme seus estudantes em cidadãos críticos, éticos e transformadores da realidade, as escolas brasileiras têm experimentado novos formatos ao criar estratégias de ensino autênticas e significativas. A Rede La Salle, por exemplo, investe todos seus esforços nessa direção e já vem colhendo bons frutos pelo caminho. No Colégio La Salle Núcleo Bandeirante, onde estudam João Mário e Kira, eles podem contar com o Prepara, um curso preparatório inovador para os exames vestibulares, o PAS e o Enem, com aulas específicas e integradas.
A estratégia é a seguinte: nas aulas específicas do curso, como Matemática, Física, Química, Redação, Inglês e Espanhol, um único professor é responsável por trabalhar o conteúdo já visto pelos estudantes em sala de aula. No entanto, o docente adota uma abordagem mais leve, dinâmica, criativa e com foco nos exercícios, na experimentação e principalmente no resgate daqueles estudantes que não tenham assimilado 100% da matéria. Já nas aulas integradas, uma equipe com cerca de dez professores trabalha, simultaneamente, na mesma sala de aula analisando as obras do PAS/UnB e os eixos temáticos do Enem com alunos das três séries do Ensino Médio. 
A Coordenadora Pedagógica Susani Oliveira explica que “nesse momento é possível analisar a obra de uma forma universal e muito mais abrangente deixando os meninos prontos para encarar qualquer tipo de questão do PAS, seja ela uma música, um quadro, uma peça de teatro, um documentário, um audiovisual, um artigo, um livro ou um poema”. A dinâmica acaba gerando efeitos para além da sala de aula e de qualquer exame, pois “você passa a ter mais argumentos e diferentes visões sobre diversos assuntos”, destaca o aluno João Mário. “Você deixa de achar que uma música é só legal para perceber sobre o que ela realmente está falando, o seu impacto social” ressalta com entusiasmo.
Para o representante do SAS Plataforma de Educação, Ademar Celedônio, o importante é que nem tudo tenha cara de aula nesse tipo de iniciativa, “pois é preciso privilegiar momentos de equilíbrio, onde conteúdos possam ser estudados de outras maneiras por meio de debates, projeções de filmes ou na construção de uma encenação teatral”. Por isso mesmo que o Colégio La Salle Brasília criou a aula de atualidades, que aproxima o conteúdo visto em sala dos eventos que estão em destaque na imprensa. Os alunos são instigados a fazer uma leitura mais atenta dos fatos publicados na mídia, expondo seus pontos de vista com respeito e urbanidade enquanto se preparam para as avaliações de redação dos vestibulares e do Enem.