“Jair não levou mais facada do que eu”, desdenha deputado Julian Lemos; ouça revelações

Bolsonaro e Julian – Foto: divulgação

A contenda no Partido Social Liberal (PSL) só aumenta. Desta vez, o deputado federal paraibano Julian Lemos fala mal do presidente da República, Jair Bolsonaro. Em áudio gravado em agosto deste ano, o deputado discute seu convite feito ao deputado Rodrigo Valadares para se filiar ao PSL de Aracaju (SE). Dentre vários assuntos abordados na conversa, Julian diz não acreditar mais na onda bolsonarista e afirma: “Jair não levou mais facada do que eu”, se referindo às traições.

“Uma coisa é campanha, outra coisa é militância”, afirma. Julian diz não acreditar mais na onda bolsonarista, que marcou a eleição em 2018 elegendo o presidente da república e uma bancada de 52 deputados federais, além de senadores, deputados estaduais e governadores. Ele afirma que existe um movimento conservador maior que Bolsonaro e reconhece a dificuldade dele em governar o País.

“Hoje o PSL acredita que essa onda de Bolsonaro não existe mais, não existe mais nunca. Pode existir uma organização partidária. Os conservadores começam a brotar, teve um conjunto de situações que elegeu o presidente”, disse. Ele ainda ressalta a força que o Congresso tem exercido e reconhece a fragilidade por que passa a imagem do presidente. Julian chegou a afirmar que Bolsonaro não agrava ainda mais a situação porque “o opositor é muito sujo”.

“O parlamento tem uma força brutal, que algema o presidente da República. Só que ele tem um apelo popular muito grande, principalmente porque o principal opositor dele é muito sujo, que é a esquerda brasileira. Porque se fosse mediana, aí a situação dele já tava (sic) difícil”, declarou.

Entenda o cado de Sergipe – A conversa gravada foi entre Julian e João Tarantella. Rodrigo Valadares seria candidato a prefeito da Capital sergipana em detrimento da candidatura de João Tarantella, ex-candidato a governador e um dos líderes do movimento de direita na cidade. João reivindica a indicação e questiona o deputado paraibano e vice-presidente nacional do partido acerca da situação.

A conversa, de certa forma, revela o modo como as candidaturas do PSL visando o pleito de 2020 têm sido construídas. Julian Lemos, assim como na Paraíba, tem costurado conjunturas, impondo nomes, ao que parece, sem levar em consideração o contexto local e sem ouvir as bases militantes.

Há uma discussão nos áudios pelo fato de Julian afirmar que a candidatura de João Tarantela está abortada por causa da missão que será dada ao deputado Rodrigo Valadares, egresso do PTB, segundo ele. Rodrigo presidirá a legenda por ter mandato e habilidade política, segundo Julian.

“Mas Rodrigo, aquele que gritou Lula livre na eleição passada?”, indagada Tarantella. “Tu sabe quem resolveu o problema da Previdência?”, rebate Julian. Com esse questionamento, Tarantella promete revide. “Vamos reagir até o último segundo. Outra coisa, não saio do PSL porque é um projeto que eu ajudei a construir. Eu vou brigar, não vou assistir de camarote um marginalzinho que chamava Bolsonaro de louco e de irresponsável”, disse, elevando o tom. “Arroche o nó! Eu vim aqui para cumprir a missão do partido e não fazer ninguém mudar de ideia”, diz Julian.

Traições – Para dizer que já sofreu traições, Julian Lemos faz menção à facada que Bolsonaro levou em Juiz de Fora (MG), desferida por Adélio Bispo, em setembro de 2018, que o tirou da campanha de rua e dos debates nos veículos de comunicação. “Jair não levou mais facada do que eu. Jair levou uma, eu levei umas cinquenta e estou bem e tirando o cabelo da testa”, ironiza Julian.

O deputado ainda explica a “onda bolsonarista”. “Aquela onda Bolsonaro só existiu por vários fatores. Desde a facada ao anti-PT, o discurso do ‘bandido bom é bandido morto’ tem limite”, pontuou o deputado. Julian também menciona o fundo partidário, e afirma, questionado pelos interlocutores, se Bolsonaro vetaria o seu aumento.

O deputado paraibano afirma ainda que, quem manda, é o Congresso e que quem for contra o fundo, ficará de fora. Julian destaca a força que o partido, antes um mero nanico, adquiriu com o resultado da eleição. “O PSL se tornou uma máquina milionária”, disparou.