Meio ambiente. Conheça a nova fase dos papéis higiênicos

 Em 1928, foram lançados os primeiros papéis higiênicos do Brasil, da marca Sul América, da Melhoramentos. Em 2010, foram consumidos 4,708 bilhões de rolos de papel higiênico no país.

Na última quinta (29), a empresa carioca Copapa (Companhia Paduana de Papéis) lançou o primeiro papel higiênico com rótulo ABNT Ambiental, que certifica sustentabilidade nas fases de extração de recursos, fabricação, distribuição e descarte.

Além de diminuir a pegada ecológica da empresa, o objetivo do produto é atingir os consumidores preocupados com o meio ambiente. No produto final, as diferenças são a embalagem plástica e o tubete central do papel Carinho Eco Green, que são compostáveis. O plástico da embalagem é feito à base de milho e o tubete com cola à base de fécula de mandioca.

Após seis meses, garante o fabricante, se descartados em composteiras com resíduos orgânicos, eles se diluem.

O processo de desenvolvimento do produto consumiu R$ 10,2 milhões em pesquisa e cerca de R$ 47 milhões em maquinário. A empresa vai começar a comercialização no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais e no Espírito Santo.

O Brasil é o quarto maior produtor de celulose da fibra curta (grande parte vinda do eucalipto), a fibra usada para esses itens. O segmento dos papéis tissue (toalha), que inclui guardanapo, papel higiênico e papel toalha, é um dos mais importantes do papel.

Na extração da matéria prima, a celulose selecionada para produzir o novo papel da Copapa é virgem e certificada pela FSC® (Forest Stewardship Council), organização que promove o manejo florestal responsável. O selo indica que a celulose é de florestas plantadas, sem desmatamento.

A produção do papel higiênico não usa alvejantes. Esse é um item importante da pegada ambiental. Na fabricação dos similares tradicionais, processos de branqueamento à base de cloro são extremamente poluentes.

O processo de secagem, que no modo tradicional demanda grandes quantidades de energia, foi modificado para uma caldeira que usa cavacos (aparas de madeira) da indústria moveleira. O carbono emitido na fabricação e na distribuição é neutralizado com plantio de árvores, feito em parceria com a SOS Mata Atlântica.

Os plásticos que embalam os rolos nas gondolas são feitos com cana-de-açúcar e são destinados à reciclagem por meio de um acordo logística reversa. Para garantir a reciclagem do mesmo volume de plástico que utilizou, a empresa destina o equivalente à Cooperativa de Catadores de Santo Antônio de Pádua, cidade onde está instalada a fábrica.

Foto: Ascom

Foto: Ascom

E por que não usar papel reciclado? A resposta, segundo Fernando Pinheiro, diretor-presidente da Copapa, está no ciclo de vida. A fibra de celulose pura, presente no papel higiênico, é fofa, absorve água e não fixa tinta. Pelo contrário, a fibra difunde a tinta. Para que possa receber tinta, ela passa por um processo de branqueamento, com a aplicação de uma carga mineral.

“Para fabricar papel higiênico a partir de papel velho, como aparas de gráfica, você teria de retirar toda essa carga mineral. Gastaria mais energia com os equipamentos depuradores, que fazem a separação entre fibra de celulose e carga mineral, bastante produto químico para poder limpar e segregar essa carga mineral da fibra de celulose, teria uma enorme geração de resíduo e perderia água”, afirma Pinheiro.

“Reciclar papel de escrever e imprimir para mais papel de imprimir faz mais sentido, porque você consegue reter a carga mineral. Mas no papel higiênico, não. Para produzi-lo, se gasta muito menos energia, menos água e muito menos produtos químicos para fazer à base de celulose”, afirma.

A Copapa, criada em 1960, é a maior produtora de papel para fins sanitários do Rio, com capacidade de aproximadamente 58 mil toneladas/ano. A linha ecológica é a primeira a ser produzida com esses padrões. A empresa promete enquadrar toda a produção até 2023 nestes padrões.