Estado de SP chega a 30 mil mortes por coronavírus e ultrapassa total de óbitos da Espanha

Quase seis meses após a primeira morte, em 12 de março, o estado de São Paulo ultrapassou nesta segunda-feira (31) a marca de 30 mil óbitos por coronavírus desde o início da pandemia. Nas últimas 24 horas foram registrados 36 óbitos e 938 casos confirmados da doença, com isso, o estado atingiu 30.014 óbitos no total e 804.342 casos confirmados da infecção desde o início da pandemia.

As novas confirmações em 24 horas não significam que as mortes e casos aconteceram de um dia para o outro, mas que foram contabilizadas no sistema neste período. Os números costumam ser menores aos finais de semana e segundas-feiras.

O estado sozinho já tem mais mortes que a Espanha, que tem uma população parecida, e registrou 29 mil mortes até o momento. A Espanha tem cerca de 47 milhões de habitantes e São Paulo, 44 milhões.

Na América do Sul, se somadas todas as mortes na Argentina (8,4 mil), Chile (11,2 mil), Bolívia (4,9 mil), Paraguai (308), Uruguai (44) e Venezuela (381), o número é menor do que as mais de 30 mil registradas em São Paulo.

A Argentina registra cerca de 8,4 mil mortes e é o país com a quarentena mais extensa do mundo. Na última sexta-feira (28) o governo anunciou a empliação das medidas de confinamento até 20 de setembro, com isso, o país chegará a seis meses de quarentena, iniciada em 20 de março.

A média móvel de mortes, que leva em consideração os registros dos últimos 7 dias e minimiza as diferenças das notificações, é de 216 óbitos por dia nesta segunda. A variação foi de -13% em comparação ao valor registrado há 14 dias, o que para os especialistas indica estabilidade. Como o cálculo da média móvel leva em conta um período maior, é possível medir de forma mais fidedigna a tendência da pandemia.

Na quinta-feira (27), após um longo período de estabilidade ininterrupto nos novos registros, a média diária de mortes apresentou tendência de queda com variação de -20% em comparação ao valor registrado há 14 dias. Mas na sexta (29), a tendência voltou à estabilidade.

Para confirmar a saída do estado do chamado platô – estabilidade no ponto mais alto de mortes da curva epidemiológica – será preciso observar a tendência próximos dias. Embora novos os registros venham sendo menores, a média diária de mortes continua acima de 200 há 96 dias consecutivos no estado.

Após vários registros de aglomerações durante o fim de semana, nas praias e em festas clandestinas, o governador João Doria (PSDB) afirmou nesta segunda-feira (31) que não é hora de comemorar.

“Pela terceira semana consecutiva conseguimos reduzir o número de óbitos e internações. Tivemos uma redução de 4% nos óbitos da semana que passou, entre os dias 23 e 29 em relação à semana anterior. Houve queda de novas internações na capital, região metropolitana, litoral e interior. Mas sempre volto a repetir com muita ênfase, temos que ter extrema precaução, não há nada para celebrarmos. A celebração só virá após a imunização com a vacina. Até lá precisamos ter resiliência, paciência, compreensão e proteção a vida”, disse Doria.

Na sexta-feira (28) o governador João Doria (PSDB) disse em coletiva de imprensa que o pior momento da pandemia do coronavírus em São Paulo já passou e que o estado a já começou a sair do platô.

No entanto, epidemiologistas alertam que ainda não é possível relaxar as medidas de cuidado, já que os números continuam altos e não há uma redução sustentável dos casos e mortes que confirme a saída do platô.

A média móvel de casos diários é de 6.837 nesta segunda (31). O número de casos inclui todos os resultados positivos em exames laboratoriais, tanto os do tipo sorológico, que verifica apenas a presença de anticorpos, quanto os que analisam a presença do vírus no organismo no momento – o chamado exame RT-PCR.

No domingo (31), com a confirmação de um caso da Covid-19 na cidade de Santa Mercedes, no Interior, a doença chegou agora a todos os 645 municípios do estado, segundo balanço da Secretaria Estadual de Saúde. 531 cidades já registraram pelo menos uma morte.

Veja os novos registros no estado de SP nas últimas 24 horas:

  • 36 novas mortes
  • 938 novos casos

Veja o total no estado de SP desde o início da pandemia:

  • 30.014 mortes
  • 804.342 casos confirmados

Internações e UTI

O número de pacientes internados com suspeita ou confirmação de Covid-19 no estado caiu neste domingo para 11.267, sendo 6.312 em enfermaria e 4.955 em unidades de terapia intensiva (UTI). No domingo, eram 11.386, sendo 6.370 em enfermaria e 5.016 em UTI.

Apesar disso, a taxa de ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) voltou a subir e foi para 54% no estado e 51,3% na Grande São Paulo. No domingo, os índices eram de 53,9% no estado e 51,3% na Grande São Paulo.https://datawrapper.dwcdn.net/tPFjF/42/

Ainda segundo a Secretaria Estadual da Saúde, 644.441 pessoas estão recuperadas da Covid-19, sendo que 90.288 foram internadas e tiveram alta hospitalar.

Impactos da pandemia

No dia 24 de março o governo decretou a quarentena, medida de isolamento social que obrigou o fechamento do comércio e manteve apenas os serviços essenciais.

Desde então mais de 50 mil bares e restaurantes fecharam as portas em definitivo no estado, conforme dados da associação responsável pelo setor. Outros, permanecem fechados ou tentando reabrir aos poucos, tanto devido à queda no consumo quanto às dificuldades financeiras e sanitárias de retomada. Ao todo, 250 mil estabelecimentos desse tipo funcional no estado e 55 mil na capital, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

Dificuldades sentidas no comércio se refletiram em demissões. Apenas no setor de bares e restaurantes, a Abrasel estima que cerca de 300 mil pessoas ficaram desempregadas durante a pandemia.

A taxa de desemprego registrada na cidade de São Paulo foi de 13,2%, percentual maior que o do estado de São Paulo que registrou 12,2% entre pessoas com mais de 14 anos, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Durante a pandemia, 1 milhão de brasileiros perderam o emprego, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O reflexo do desemprego também foi sentido no número de famílias despejadas ou ameaçadas de despejo no estado de São Paulo, foram 2.500 apenas apenas durante a pandemia, segundo o Observatório das Favelas, grupo de pesquisas e defesa da moradia na região metropolitana de São Paulo.

Trânsito

Com uma menor quantidade de veículos nas ruas, o número de acidentes de trânsito diminuiu 30% no estado de São Paulo e passou de 51,3 mil entre março e junho de 2019 para 35,6 mil em 2020, a queda foi a maior já registrada desde 2015 nesse período. Já o número de mortes caiu 22%, sendo 1.167 em 2020 e 1.513 em 2019, de acordo com dados do Infosiga SP.

Na cidade de São Paulo, a lentidão chegou a cair de cerca de 100 quilômetros para 5 quilômetros no início da quarentena (leia mais abaixo).

Apesar das ruas vazias,a quantidade de motociclistas circulando pela cidade aumentou devido ao crescimento da demanda por serviços de entrega por aplicativo. De acordo com o Instituto Sou da Paz, em maio o número de motociclistas mortos no trânsito cresceu 7% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 167 neste mês 2019 e 179 no mesmo período de 2020.

Os entregadores chegaram a fazer protestos em julho na cidade de São Paulo por melhores condições de trabalho, entre as reivindicações está a melhoria do valor pago pelas corridas e o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual contra o coronavírus.

Em 24 de junho, o governo de SP anunciou que a retomada das aulas presenciais seria realizada a partir de 8 de setembro. Muitas prefeituras, porém, anunciaram que não iriam seguir o calendário.

Com a continuidade das mortes e da contaminação pela Covid em alta, o governo de São Paulo adiou, no início de agosto, a volta das aulas presenciais apenas para a partir de outubro de forma gradual.

Plano São Paulo

Reclassificação do Plano SP nesta sexta-feira (21) — Foto: Reprodução/Governo de SP

Reclassificação do Plano SP nesta sexta-feira (21) — Foto: Reprodução/Governo de SP

No 1º de junho quando a gestão estadual dividiu o território de acordo com as 17 Divisões Regionais de Saúde (DRS). A Grande São Paulo foi subdividida em outras 6 regiões, uma para a capital e outras 5 para cada grupo de cidades da Região Metropolitana. A flexibilização da quarentena é feita de modo diferente em cada uma dessas regiões.

Atualmente, o estado não possui nenhuma região na fase vermelha, a mais restritiva. Seis regiões estão na fase laranja e as outras 16 na amarela.

Os critérios que baseiam a classificação das regiões são:

  • ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs);
  • total de leitos por 100 mil habitantes;
  • variação de novas internações, em comparação com a semana anterior;
  • variação de novos casos confirmados, em comparação com a semana anterior;
  • variação de novos óbitos confirmados, em comparação com a semana anterior.
  • Na fase verde também é considerado óbitos e casos para cada 100 mil habitantes;

Esses critérios definem em qual das cinco fases de permissão de reabertura a região se encontra:

  • Fase 1 – Vermelha: Alerta máximo
  • Fase 2 – Laranja: Controle
  • Fase 3 – Amarela: Flexibilização
  • Fase 4 – Verde: Abertura parcial
  • Fase 5 – Azul: Normal controlado

Reabertura de setores da economia:

  • Fase vermelha: Permitido o funcionamento apenas de serviços essenciais.
  • Fase laranja: Também podem reabrir imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércio e shoppings podem reabrir, mas com restrições.
  • Fase Amarela: Também podem reabrir salões de beleza, bares, restaurantes, academias, parques e atividades culturais com público sentado podem funcionar, mas com restrições.
  • Fase verde: Também podem reabrir eventos, convenções e atividades culturais com público em pé poderão voltar a acontecer quando houver uma estabilidade de quatro semanas do estado de São Paulo na fase verde (4), também com restrições.