Sindicatos de professores e a pressão para a volta às aulas

Primeiro estado a reabrir as escolas estaduais, o Amazonas enfrenta greve de professores desde 10 de agosto, quando retomou as aulas presenciais para os alunos do ensino médio de Manaus. A paralisação não impediu a volta das atividades, mas adiou o retorno para as demais etapas de ensino.

O governo planejava retomar as atividades do ensino fundamental em 24 de agosto, mas adiou e não tem nova data prevista. A secretaria disse que a mudança do plano ocorreu para que as unidades fossem mais bem preparadas e para a testagem de um número maior de educadores.

“Sempre fomos contra o retorno e pedíamos exatamente o que eles dizem que vão fazer agora: melhores condições físicas nas escolas e testagem. Por que parte dos alunos tem que correr os riscos? A volta foi precipitada e não querem admitir”, diz Helma Sampaio, coordenadora da Asprom (sindicato dos professores da rede pública de Manaus).

Em São Paulo, que autorizou a volta de atividades presenciais a partir de 8 de setembro, as entidades ligadas aos professores entraram com ação na Justiça para barrar a reabertura. Depois de duas decisões contrárias ao pedido, eles ingressaram na última sexta (18) com um novo agravo.

Eles defendem que a reabertura, mesmo que parcial, pode aumentar o contágio pelo coronavírus e colocar em risco a saúde dos profissionais. Ainda que não tenham conseguido decisão favorável, a adesão ao retorno foi baixa.

Poucos municípios paulistas –somente 128 dos 654– aderiram ao planejamento de retorno do governo João Doria (PSDB). Apenas 200 das mais de 5.500 escolas da rede estadual paulista, cerca de 3,6%, reabriram na primeira semana em que tinham autorização.

“O governo pode nos ignorar, nos desconsiderar nesse planejamento, mas depende dos professores para fazer a reabertura. As famílias confiam seus filhos aos professores, então é natural que confiem no nosso julgamento de que não foi garantida segurança para o retorno”, diz Celso Napolitano, presidente da Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São Paulo).

“As autoridades não apresentaram condições seguras, não anunciaram um plano concreto de ações para equipar as escolas. As famílias, assim como os professores, conhecem bem a situação dos colégios e, por isso, também se sentem inseguras”, completa.