Lava Jato denuncia Frederick Wassef e mais quatro por peculato e lavagem de dinheiro

O advogado Frederick Wassef, que já representou o presidente Jair Bolsonaro e o filho mais velho dele, o senador Flávio Bolsonaro, foi denunciado nesta sexta-feira (25) pela força-tarefa da Lava Jato por peculato e lavagem de dinheiro.

A denúncia é um desdobramento da Operação E$quema S, que mirou um suposto esquema de tráfico de influência com escritórios de advocacia.

Os procuradores encontraram movimentações suspeitas de recursos supostamente desviados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).

Também foram denunciados Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio-RJ; o empresário Marcelo Cazzo, que teria apresentado Wassef para o grupo; e as advogadas Marcia Carina Castelo Branco Zampiron e Luiza Nagib Eluf.

Segundo a denúncia, o escritório de Luiza foi usado para repassar R$ 4,475 milhões a Wassef.

A Lava Jato afirma que houve contratações com escopo contratual falso, “pois ou os serviços arrolados não foram prestados ou foram prestados no interesse exclusivo de Orlando Diniz (então presidente da Fecomércio), para, por exemplo, a perseguição de adversários pessoais”.

G1 apurou que Wassef foi contratado por Orlando Diniz para fazer investigações internas e tentar conter vazamentos de informações da instituição, como forma de mantê-lo no cargo.

G1 ainda não fez contato com Wassef e os demais denunciados.

A Operação E$quema S

A denúncia desta sexta é a segunda da Operação E$quema S, primeira investida da Lava Jato mirando escritórios de advocacia e o mundo jurídico.

Foram alvos de busca advogados como Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, que defendem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e parentes ligados a magistrados das altas cortes do país, como Eduardo Martins, filho do atual presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins.

Proximidade da família Bolsonaro

A proximidade entre o presidente Jair Bolsonaro e Frederick Wassef começou em 2014, pouco depois da campanha eleitoral daquele ano — naquela disputa, Bolsonaro foi eleito deputado federal com a maior votação do Rio de Janeiro.

O advogado tornou-se um dos principais conselheiros de Jair Bolsonaro. Em 2018, Wassef passou a ser um homem de confiança do presidente e dos filhos. Participou dos bastidores da campanha eleitoral – e, após a posse de Bolsonaro como presidente, continuou em contato permanente com a família.

Wassef é dono da casa onde foi preso, em junho, o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio que é investigado no caso das rachadinhas, um suposto esquema de desvio de salários de funcionários da Assembleia Legislativa do Rio.

Esta reportagem está em atualização.

Frederick Wassef confessa que deu abrigo a Fabrício Queiroz — Foto: Rede Globo

Frederick Wassef confessa que deu abrigo a Fabrício Queiroz — Foto: Rede Globo

com g1