Neto Ferreira: um cordelista para as novas gerações

Nascido no Cariri paraibano, precisamente no município de Livramento, o jovem José Ferreira de Lima Neto, ou melhor, poeta Neto Ferreira, é um daqueles agraciados pelo dom da poesia. A prova disso, que tão cedo, começou a produzir literatura de cordel.

Já que estamos falando em Cordel. Não podemos esquecer do pioneiro desta literatura, o também paraibano do município sertanejo de Pombal, Leandro Gomes de Barros.  O qual carrega o título do primeiro escritor brasileiro de literatura de Cordel, com aproximadamente 240 obras escritas.

Continuando, o poeta Neto Ferreira, é graduado em Filosofia pela Universidade Estadual da Paraíba- UEPB e membro da Academia de Cordel do Vale do Paraíba. Como não sessa suas inquietações, Neto desenvolve pesquisas nos temas da literatura popular nordestina e da filosofia da arte estética.

Mas, como estudioso da área e produzindo cordéis, Neto Ferreira recentemente foi contemplado no edital ‘Espaço da Criança’, que prevê a contratação de 14 vídeos artísticos direcionados ao público infantil. O projeto de Neto Ferreira, “Contando histórias em versos”, está entre os três escolhidos na área de contação de histórias. 

Para saber mais sobre esse assunto e outros temas culturais, o Cariri Em Ação, conversou “dois dedos de prosa” com o poeta. Queremos saber! 

C.E.A. Quem é Neto Ferreira?

N.F. Neto Ferreira (José Ferreira de Lima Neto), filho de José Ferreira Filho (in memoriam) e Maria das Graças Sarapião de Lima, nasceu em 16 de maio de 1998, na cidade de Campina Grande-PB. No seu ensino fundamental na Escola Ministro Alcides Carneiro, com doze anos de idade compôs seu primeiro cordel, onde retrata a semana cultural para o povo livramentense. Influenciado pelos poetas populares de sua região, vai se edificando no meio poético. No ensino médio, já na escola João Lelys, publica mais dois cordéis e entra de vez na seara dos cordelistas.

Em Campina Grande, aliado com a filosofia, o jovem poeta Neto Ferreira criou gosto pela literatura e se aprofundou nos estudos poéticos filosóficos de Patativa do Assaré, tendo sua trajetória acadêmica guiado pela cultura popular e alimentada pela filosofia do trovador do sertão, o poeta desenvolve a pesquisa de monografia intitulada: “A Arte como Transformação Social em algumas poesias de Patativa do Assaré e Leonardo Bastião”

C.E.A. Poeta Neto Ferreira, fale de sua formação acadêmica?

N.F. Sou Graduado em filosofia pela UEPB e pós graduando em estudos sobre historial local, com ênfase na linha de patrimônio cultural.

C.E.A. Para Neto Ferreira, quem são seus poetas favoritos?

N.F. Tenho como referência os poetas populares, destacando os irmãos Batista, Os irmãos Bernardino, Olívio do Livramento, Patativa do Assaré e Leonardo Bastião.

C.E.A. Por que você enveredou pela produção de cordel?

N.F. O cordel me acolheu desde minha tenra idade, sempre fui afeiçoado pela leitura, e hoje escrevo cordel, já tendo 12 títulos publicados. E também pesquiso as fontes orais entorno da poética popular.

C.E.A. Recentemente você contemplado no Edital “Espaço Criança” da Funesc. Fale um pouco dessa conquista?

N.F. Fui contemplado no edital em questão com a proposta Contando Histórias em Versos, que será exibida pelo canal do Youtube TV FUNESC, em alusão ao dia das crianças. Nessa apresentação dirimida ao público infantil retrato aspectos peculiares do interior nordestino, valorizando a cultura local e incentivando as crianças a sempre terem valores identitários com sua história local.

Tenho lido várias portagens suas sobre, relação o trato com recursos financeiros para a produção artística, em especial recursos através da Lei Aldir Blanc. Como você avalia está distribuição?

Estou me aperfeiçoando nos estudos de gestão cultural, bem como faço uma pós graduação em história local, o que abre um leque de táticas e estratégias para enveredar por essa seara. A lei Aldir Blanc, lei de emergência cultural, possibilita fomento aos artistas bem como também dirime recursos para pagamento de auxilio emergencial cultural. No estado da Paraíba os recursos a nível estadual estão sendo eximiamente geridos, sob a chancela do secretário Dr. Damião. No meu município, Livramento, foi direcionado uma quantia de cerca de 67 mil reais, que por incapacidade da gestão anterior o dinheiro acabou estornando. Na gestão atual, há perspectivas do dinheiro ser dirimido aos artistas através de edital, todavia o secretário da pasta ainda não mantem um diálogo com a classe artística, há esperanças de melhorias, torço para que o mesmo se aproxime dos artistas e realize uma gestão democrática enquanto estiver a frente da pasta, torço inclusive para que coloquem um diretor de cultura a altura que possa lhe ajudar na projeção de um calendário cultural para o munícipio, o secretário é uma pessoa inteligente, basta apenas começar a trilhar os caminhos das pedras, que fará uma boa gestão.

C.E.A. Um grande destaque nacional é o poeta Bráulio Bessa. Você tente-se representado pela forma de produção de Bráulio?

N.F. Bráulio é um grande declamador que popularizou a nossa poesia ao horizonte nacional, através da rede globo o mesmo alcançou prestigio e aceitação, o que asseguro que é muito importante para a divulgação, perpetuação e renovação de nossa arte.

Estamos sabendo que você estar produzindo um novo trabalho em parceria com o fotografo e professor Valtecio de Taperoá. Como surgiu essa parceria e do que se trata essa produção?

Valtecio, fotojornalista dos bons, da mesma tribo que sou filho, por grata satisfação do destino descobri que temos um parentesco distante na consanguinidade, mas extremamente próximo e alinhado no âmbito cultural, Valtecio que ressalta sua sensibilidade no horizonte da fotografia, já eu transcrevo o imperceptível através da rima, métrica e oração. Breve estaremos publicando um livro alinhando essas duas fontes, levando esse trabalho para escolas públicas do estado da paraíba e disseminando nossa arte.

C.E.A. Para encerramos: poeta Neto Ferreira, como você avalia o atual momento da poesia nordestina?

N.F. A Poesia Popular vem ganhando força no tocante a divulgação, mas no tocante a valorização financeira caminha a passos lentos, muitos gostam de cultura, mas estabelecem barreiras quando o assunto é pagar por ela, isso tem que mudar, processos de mudanças são lentos, mas o futuro será prospero, acredito na valorização da arte em todos os âmbitos em um futuro não tão distante.

Para saber mais, sobre arte do cordel e nova literatura produzida, visite o endereço eletrônico www.academiadecordel.com.br. Você ficará encantado pelas novas produções. Quem sabe, que no próximo dia 19 de novembro, “Dia do Cordelista”, você terá rabiscado um cordel para essa página!

Redação: Marcos Lima (Cariri Em Ação)