O que explica o ‘fenômeno’ do eleitor de um candidato que também vota em aliados do adversário

Votos de eleitores em diferentes linhas políticas para cargos distintos não é algo raro nas eleições brasileiras.

Imagens e áudios que estão sendo divulgados nas redes sociais têm questionado a lisura das eleições presidenciais ao alegar que não é possível que o candidato à Presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT), tenha obtido a maioria dos votos em estados que elegeram candidatos de direita e apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) para governos de estado e cargos legislativos.

Para cientista política ouvida pela Agência Tatu, este cenário de votos em linhas políticas opostas para diferentes cargos é comum no Brasil e, portanto, não é possível constatar fraude nas eleições presidenciais se baseando neste tipo de argumento.

Não há indícios de que as eleições presidenciais foram fraudadas. Os votos de eleitores em diferentes linhas políticas para cargos distintos não é algo raro nas eleições brasileiras e não afeta a lisura do processo eleitoral no país.

Segundo a cientista política e professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Bárbara Johas, esse não é um fenômeno novo.

“Na reeleição da Dilma, tivemos um senado composto por uma base não aliada, ou seja uma composição com muitos partidos de siglas da ideologia política direita. E essa é uma característica que tem se acentuado nas últimas eleições”, exemplifica.

Na primeira eleição de Dilma, ocorrida em 2010, esse fenômeno também aconteceu em Minas Gerais (MG) e ficou conhecido como “Dilmasia”, em razão de que os mineiros votaram em Dilma (PT) para presidência e em Antonio Anastasia (PSDB) para o governo estadual. Nas eleições atuais, a expressão passou a ser “Lulema”, visto que o estado votou em sua maioria para Lula e, ao mesmo tempo, reelegeu Zema para governador.

A cientista política também explica que essa prática pode ser entendida a partir da relação dos próprios eleitores com os políticos.

“No Brasil, em geral, os eleitores têm uma identificação muito mais pessoalista com os candidatos do que propriamente ligada às ideologias partidárias que esses candidatos representam”, aponta Bárbara. Dessa forma, é comum que esse fenômeno aconteça durante as escolhas dos representantes políticos no Brasil.

FONTE: Portal Correio