Lula negocia ministérios com partidos de centro e anuncia novos nomes nesta semana

Presidente eleito fez reuniões com MDB, PSD, União Brasil e Rede; PT ocupou boa parte das pastas já anunciadas.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula para acomodar integrantes de partidos de centro na Esplanada dos Ministérios e deve anunciar nesta semana os nomes dos futuros ministros. A nova lista deve contemplar as legendas que apoiaram o petista nas eleições deste ano.
Lula deve anunciar futuros ministros de ao menos quatro partidos: MDB, PSD, Rede e União Brasil. Há, ainda, 16 pastas cujos titulares não foram indicados. Lula anunciou 21 nomes até o momento e foi alvo de críticas pela falta de diversidade no primeiro escalão.

A principal dificuldade envolve a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP). Lula passou os últimos dias em reuniões e deve se reunir novamente nesta segunda-feira (26) com integrantes dos dois partidos em busca de solução.

Lula deve indicar Marina para comandar novamente o Ministério do Meio Ambiente, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem. A medida ocorre após a deputada federal eleita recusar o convite feito pelo petista, na sexta-feira (23), para ocupar o cargo de Autoridade Nacional de Segurança Climática.

Na reunião, Marina argumentou que a função, a ser criada pelo novo governo, precisa ser desempenhada por um técnico e não por alguém de perfil político. Diante do impasse, Lula chamou mais uma vez Tebet, com quem tinha conversado horas antes, na tentativa de encontrar uma saída.

O presidente eleito tinha a intenção que as duas fizessem uma dobradinha, com Tebet no Meio Ambiente e Marina na Autoridade Climática. A proposta, inclusive, já tinha sido apresentada à senadora em outras duas ocasiões pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Tebet disse que só aceitaria a chefia do ministério se Marina concordasse em assumir a função de Autoridade Climática, o que não ocorreu. Até agora, não está definida a pasta que a senadora vai assumir. Durante voo de Brasília a São Paulo, Lula disse para ela que não poderia dispensar sua colaboração no governo.

Uma das ideias é que Tebet fique com o Ministério da Cidades. No entanto, há outra dificuldade, pois a pasta foi prometida para a bancada do MDB na Câmara dos Deputados. Pelo Senado, o indicado do partido é o ex-governador de Alagoas Renan Filho, que chegou a ser cogitado para o Planejamento, mas que deve ficar com Transportes.

Outro impasse envolvendo o MDB é com o deputado federal José Priante, indicado anteriormente para Cidades. Seu nome foi vetado por seu primo, o governador do Pará, Helder Barbalho.

Lula deve articular, ainda, espaço para o PSD e União Brasil. O primeiro partido estuda indicar o senador Alexandre Silveira (MG) e o deputado federal Pedro Paulo (RJ) para os ministérios da Infraestrutura ou Minas e Energia e do Turismo. A legenda pode conseguir, ainda, outra pasta, caso seja confirmada a indicação do senador Carlos Fávaro para o Ministério da Agricultura.

Há também conversas com a Rede — nesse caso, a legenda é considerada para assumir a pasta dos Povos Originários. São cotadas as deputadas federais Joenia Wapichana e Sonia Guajajara.

Veja, abaixo, as listas dos ministros anunciados e das pastas que faltam anunciar os titulares.

Ministérios não indicados

Ministério das Comunicações
Ministério de Minas e Energia
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
Ministério do Esporte
Ministério do Meio Ambiente
Ministério do Planejamento e Orçamento
Ministério do Turismo
Ministério dos Povos Indígenas
Gabinete de Segurança Institucional
Secretaria de Comunicação Social
Ministério da Agricultura e Pecuária
Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional
Ministério da Pesca e Aquicultura
Ministério da Previdência Social
Ministério das Cidades
Ministério dos Transportes

Ministros anunciados

Alexandre Padilha – Ministério das Relações Institucionais
Márcio Macêdo – Secretaria-Geral da República
Nísia Trindade – Ministério da Saúde
Camilo Santana – Ministério da Educação
Márcio França – Ministério dos Portos e Aeroportos
Margareth Menezes – Ministério da Cultura
Luiz Marinho – Ministério do Trabalho
Anielle Franco – Ministério da Igualdade Racial
Silvio Almeida – Ministério dos Direitos Humanos
Geraldo Alckmin – Ministério da Indústria e Comércio
Luciana Santos – Ministério da Ciência e Tecnologia
Jorge Messias – Advocacia-Geral da União
Vinicius Marques de Carvalho – Controladoria-Geral da União
Esther Dwek – Ministério da Gestão
Aparecida Gonçalves – Ministério da Mulher
Wellington Dias – Ministério do Desenvolvimento Social
Fernando Haddad – Ministério da Fazenda
Rui Costa – Ministério da Casa Civil
Flávio Dino – Justiça e Segurança Pública
José Múcio Monteiro – Ministério da Defesa
Mauro Vieira – Ministério das Relações Exteriores

FONTE: Portal Correio